Existem hoje, no país, 82 mil arquitetos formados, de
acordo com dados do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). “Nos últimos dez
anos, a profissão está mais valorizada pela sociedade e, por isso, dobrou o
número de faculdades de arquitetura”, diz o arquiteto e ex-presidente do IAB
Gilberto Belleza. “A procura pelo arquiteto aumentou porque as pessoas
perceberam que o profissional tem papel fundamental na melhoria da qualidade de
vida”. Veja cinco maneiras de contratá-lo.
PROJETO
Tudo no papel
A principal função do arquiteto é criar o projeto
arquitetônico, no qual estão previstas todas as mudanças e soluções de acordo
com o espaço e as necessidades do cliente. Também faz, ou encomenda a um
engenheiro calculista, os projetos de estrutura e de instalações elétricas e
hidráulicas. Além de desenhar as plantas e as perspectivas de cada ambiente,
com as informações técnicas ele avalia duas ou três opções de materiais
adequados para serem empregados nas estruturas e nos acabamentos. O arquiteto
ainda faz o planejamento da obra, determinando as etapas e como serão
contratadas. Um cronograma prevê o tempo de execução de cada fase até a
conclusão, considerando os imprevistos. Essa “cartilha” deve ser seguida pelo
dono da casa ou por quem for contratado para gerenciá-la.
PREÇO: somente para fazer o projeto, o arquiteto cobra
uma porcentagem do custo estimado da obra, calculado com base na metragem
quadrada da área a ser reformada ou construída e na complexidade dos serviços a
serem executados, de acordo com as tabelas do IAB.
Abaixo de R$ 200 mil – valor negociado (varia de R$ 45 a
R$ 100 para cada m²).
Entre R$ 200 mil e R$ 300 mil – 8%.
Acima de R$ 300 mil – 7%.
CONSULTORIA
Só no ouvido
Quando a reforma é bem simples, como a substituição de
portas ou revestimentos, o arquiteto pode ser chamado para dar apenas uma
consultoria sobre as melhores opções de mão de obra, acabamento e produtos. Não
há necessidade de um projeto detalhado com informações técnicas.
PREÇO: poucos profissionais fazem apenas isso. Cobram 1/3
do valor que custaria um projeto completo.
GERENCIAMENTO
Todos os processos
incluídos
O próprio
arquiteto que fez o projeto pode cuidar do gerenciamento da obra, cobrando à
parte. Esse trabalho é dividido em dois: a administração dos custos, que inclui
as cotações de preços em três fornecedores, a compra dos materiais e a
contratação da mão de obra (pedreiro, encanador, eletricista, gesseiro,
carpinteiro, azulejista e pintor), e a coordenação da execução de todos os
serviços. Pode ser feito também por outro arquiteto, por um engenheiro ou até
pelo próprio dono da casa.
PREÇOS: de acordo com tabela do IAB, o arquiteto deve
cobrar 15% do custo da obra. Se o valor for inferior a R$ 15 mil, a porcentagem
sobe para 20%. Quando o arquiteto já fez
o projeto, costuma cobrar 12%.
ACOMPANHAMENTO DA
OBRA
Cada etapa é
fiscalizada
Mesmo que não seja contratado para gerenciar a obra, o
arquiteto acompanha cada etapa para verificar se o projeto está sendo seguido
pelo construtor ou mestre de obras. Normalmente, é feita uma visita de uma hora
semanal, com ou sem o cliente. Se, por exemplo, a bancada foi colocada em
altura errada, dá tempo de refazer o serviço sem prejudicar o andamento da
obra. Três visitas podem estar inclusas no valor do projeto.
PREÇO: cada visita é cobrada como hora técnica, que custa
em torno de R$ 250. Alguns profissionais costumam pedir um salário mínimo por
mês para fazer o acompanhamento.
OUTRAS PRÁTICAS
Reserva técnica x
sobrepreço
No gerenciamento da obra, o arquiteto pode cobrar menos
pelo serviço, mas compensar ganhando de 10% a 20% sobre o preço de cada material
comprado ou sobre o valor da mão de obra contratada. Isso pode encarecer a
obra. Existe também a reserva técnica, que é um desconto que os fornecedores
costumam dar para o arquiteto, como se fosse um bônus pela ajuda na venda do
produto. Alguns profissionais repassam metade desse desconto para o cliente.
fonte:
http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI79535-16940,00-AS+FORMAS+DE+CONTRATAR+UM+ARQUITETO.html
10 motivos para contar com a
ajuda de um profissional
1. O arquiteto é o profissional tecnicamente capacitado
para resolver os problemas de uma obra, podendo conceber melhor os ambientes
para o ser humano viver.
2. Esse profissional faz o projeto arquitetônico, que é o
conceito da obra, com as soluções de acordo com o espaço e as necessidades do
cliente, e apresenta diferentes alternativas de custos.
3. Em caso de obra nova, o arquiteto ajuda desde a
escolha do terreno. Nas reformas, avalia a estrutura que pode ser mantida e a
que precisa ser renovada ou removida.
4. O cálculo correto do que pode ser feito ajuda no
melhor aproveitamento do espaço. No projeto, a circulação e a distribuição dos
móveis são previstas com exatidão.
5. A partir do projeto, o arquiteto planeja a compra do
material adequado e na quantidade certa, o que evita o desperdício e resulta em
economia no custo final da obra.
6. Quando gerencia a obra, o profissional contrata mão de
obra qualificada e acompanha cada etapa do processo. Isso evita maiores dores
de cabeça com erros e atrasos nos serviços.
7. Sem um planejamento, os erros são maiores, incorrendo
em execuções e demolições até o acerto final e gerando despesas maiores que as
previstas no início da obra.
8. A obra com projeto feito por um arquiteto é mais
econômica. A previsão, desde o início, de todas as instalações hidraúlicas e
elétricas evita novo quebra-quebra.
9. O cronograma, feito pelo arquiteto, prevê a ordem dos
serviços. Isso faz com que um trabalho não leve a refazer o outro. Exemplo: a
raspagem do assoalho de madeira após a pintura das paredes.
10. Com um arquiteto envolvido na obra, naturalmente ela
é mais valorizada. Além disso, no contrato, o profissional dá garantia contra
vazamentos ou erros de instalações.
Fontes:
Gilberto Belleza, arquiteto e ex-presidente do Instituto de Arquitetos do
Brasil, e Gustavo Calazans, arquiteto
O mestre Artigas,
em defesa do profissional
• “É vezo
brasileiro fazer as coisas sem plano inicial perfeitamente elaborado. Quando se
pergunta sobre como ficarão esses e aqueles pormenores, a resposta é sempre a
mesma: ‘Ah! Isso depois; na hora, veremos’. Assim, fazem-se as casas, os
prédios e as cidades. Nesse empirismo, vivem a lavoura, a indústria e o próprio
governo.”
• “Ninguém pode negar que o projeto feito pelo técnico
contém em si uma previsão maior dos diversos detalhes do que o projeto
rabiscado pelo construtor e pelo proprietário.”
• “Se na ocasião de executar um serviço, verificar-se um
contratempo qualquer, um cano que não pode passar porque tem uma porta ou um
esgoto aparecendo no andar de baixo, o construtor resolve em função do
problema, no momento. Entretanto, se isso tivesse sido previsto, não precisaria
de forro falso ou qualquer outra coisa. No papel, teria sido procurada e
encontrada a solução mais econômica para o caso, e a mais bonita.”
• “O construtor, por exemplo, não projeta as instalações
elétricas. Ele chama um eletricista que dispõe a coisa à sua vontade. Usa os
canos que ele quer e os fios que acha melhores. Poucos entendem disso e ninguém
iria fiscalizá-lo. Acontece, porém, que os fios, quando são demais em relação à
corrente que transportam, dão muitas perdas. Estas traduzem-se em despesa
mensal maior de energia durante 50 ou cem anos. Assim, você pagaria cem vezes
um bom projeto de distribuição de eletricidade.”
• “Arquitetura é construção e arte. Arte não tem livro de
regulamento que ensine. Nasce dentro de cada um e desenvolve-se como conjunto
de experiências. O valor artístico é um valor perene, enorme, inestimável. É um
valor sem preço e sem desgaste.”
Vilanova
Artigas São Paulo, julho de 1945
Trechos
extraídos de carta publicada no livro Vilanova Artigas (1997), Série Arquitetos
Brasileiros, Instituto Lina Bo e P. M Bardi, 216 págs.