Ao pensarmos no design de ambientes, o mais óbvio é levarmos em consideração o visual, já que é a partir dos olhos que vem a percepção mais óbvia de um lugar. Porém, pensar dessa maneira é reduzir bastante as possibilidades de diferenciação de um ambiente — ainda mais se você for pensar em seu negócio. Afinal de contas, a maioria dos seres humanos conta com 5 sentidos. Por que, então, não usar a audição, o olfato, o paladar, o tato e a visão para atrair e encantar clientes? Conheça, neste post, o design sinestésico (ou design sensorial) e algumas das suas possíveis aplicações para que seu negócio possa se destacar:
O que é design sinestésico
A palavra “sinestésico” pode soar complexa, mas seu significado é relativamente simples. Ela é um adjetivo relacionado ao substantivo sinestesia, de origem grega. Quebrando o termo, encontramos dois significados:
Sinestesia = sin (junção) + estesia (sentido)
Se a sinestesia é a junção de diferentes sentidos (audição e visão, por exemplo), sinestésico, obviamente, é aquilo que se refere à aplicação desse conceito.
E esse é o pensamento por trás do design sinestésico: combinar e explorar os sentidos para despertar um conjunto de sensações. Em outras palavras, você pode aproveitar cada espaço para criar e implementar projetos que permitam ao cliente — mais do que admirar a estética de um ambiente — uma experiência sensorial completa. Um exemplo seria pintar as paredes de um quarto na cor lilás (visão) e usar um perfume de lavanda (olfato) para aromatizar esse ambiente.
O design sinestésico é, no fim das contas, um diferencial de marketing muito importante para qualquer empresa, seja nos pontos de venda ou em eventos, pois permite deixar uma marca na memória dos seus clientes.
Como surgiu a ideia do design sensorial
Desde a Antiguidade clássica, nos tempos de Pitágoras e Aristóteles, já existiam noções da mistura dos sentidos na estética e na percepção humana. Porém, foi apenas a partir da obra do poeta francês Charles Baudelaire, no século XIX, que pesquisas sobre o tema começaram a ser feitas.
Naquela época, a maioria dos estudiosos considerou a teoria de mistura de sentidos como um desvio, algo a se evitar — e por muitos anos ficou engavetada. Um século depois, com as pesquisas sobre neurociência, foi possível retomar a ideia sem preconceitos e descobrir todo o universo de possibilidades da sinestesia — considerada hoje um fenômeno neurológico.
E a partir disso foi possível saber, inclusive, que existem pessoas sinestésicas. Para esse grupo, é possível traçar correspondências, como a percepção de que o número 4 equivale à cor azul ou que o gosto de café é facilmente associado à palavra ou ao objeto cortina. Sim, parece muito louco, mas pensamentos como esses são normais para os “escolhidos” (cerca de 1 pessoa em cada grupo de 300).
O mais legal é que, depois de descobrir esse universo, foi possível entender que o fenômeno sinestésico permitia aplicações para além das pesquisas neurológicas e dos movimentos literários. Era possível realizar aplicações no universo do design.
Como o design sinestésico funciona
Ainda falaremos sobre o uso do design sensorial em lojas e empresas. Mas, nesse momento, veremos o funcionamento básico e prático:
Imagine o movimento hippie nos anos 1960. O imagético é forte: óculos gigantes, vários anéis e pulseiras, tapetes e almofadas coloridos, paredes com fotos e flores macias (visão e tato). Aos poucos, a fumaça e o cheiro dos incensos tomam conta do lugar, com suas notas adocicadas (olfato e paladar). As fibras naturais garantem um toque e aquela sensação gostosa ao recostar nas almofadas macias. O som é variado: pode vir na guitarra de Jimmy Hendrix ou com a hipnotizante música indiana (audição).
Agora, vamos bater palmas 3 vezes e você vai voltar dessa viagem ao túnel do tempo. Percebeu como suas sensações se misturam? Uma imagem (visão) que foi trazendo, aos poucos, os outros sentidos (tato, olfato, paladar e audição). A mistura, aplicada por meio de metáforas, trabalha não apenas com uma descrição fria, mas transporta consigo as sensações que permitem uma imersão — e, consequentemente, uma relação mais forte com o conceito apresentado.
Como usar o design sensorial em empresas e lojas
Agora, nossa questão é: como aplicar o design sensorial para o destaque do seu negócio? Em primeiro lugar, você precisa saber qual o conceito que o seu negócio deseja e precisa passar para o seu público. Se você vende pranchas de surfe, a ideia será sempre levar ao ambiente da praia e do mar para os seus pontos de venda, certo? Já se o seu negócio são os brigadeiros gourmet, precisará pensar em um ambiente gostoso para dar água na boca. Além disso, será necessário garantir o conforto para os clientes, pois eles precisarão sentar para saborear o docinho.
Ao entender esse conceito principal do seu negócio, fica mais fácil saber que tipo de experiência você deseja causar na clientela ao entrar no espaço. Inclusive, você deve indicar as possibilidades para a feitura desse projeto de design sinestésico. Portanto, pense nos cinco sentidos:
- Visão: a percepção por meio da luz, das sombras e das cores de diferentes materiais;
- Olfato: os cheiros que podem ser usados — no espaço e nos produtos;
- Audição: as músicas e os sons que remetem ao universo conceitual definido;
- Tato: a percepção com o toque em superfícies de diferentes características (quente ou frio, macio ou áspero etc.);
- Paladar: essa aplicação casa bem com negócios envolvendo comida. Porém, dependendo da sua imaginação, pode ser uma oportunidade para se diferenciar em outros segmentos.
O mais interessante é que, com a ajuda dessa mistura de sentidos, você pode criar universos que permitem uma experiência do consumidor única e marcante. Assim, você também pode gerar, no público, uma vontade de voltar a esse mundo para repetir o momento.
Agora conte para a gente: o que você acha do design sensorial? Você pensa em usar essa estratégia no seu negócio para se destacar? Compartilhe suas ideias! E se ainda restou alguma dúvida sobre o assunto, não deixe de contar para nós, no campo de comentários, quais são as suas questões!
Créditos da imagem: http://migre.me/rF3O0
Fonte: http://fosforocenografia.com.br
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